30 de dezembro de 2013

Los Chavales nos Maus Hábitos em novo Rock'n'Roll Mariachi & Chili Fever

O Rock'n'Roll Mariachi & Chili Fever regressa este sábado, 4 de Janeiro nos Maus Hábitos, apresentando pela primeira vez em Portugal os galegos Los Chavales, munidos do seu novo trabalho 'Asulado', altamente elogiado e respeitador da tradição beat espanhola. «Esta é a banda que melhor conseguiu apanhar a essência do beat espanhol dos sessentas», nas palavras de Jorge Munoz Cobo, o reputadíssimo Doctor Explosion, que gravou Los Chavales no Circo Perrotti, em Gijón, onde gravam as melhores bandas de garage, beat, r&b e surf da Europa. Os Los Chavales percorrem influências de Los Salvajes, Los Gritos, Los Bravos, Los Brincos com muito apego a clássicos brasileiros e enorme brilho em palco pela devoção à estética dos sessentas. Aclamados em festivais como o Euro Yeye e Purple Weekend, esta banda de Compostela está pronta a enamorar plateias por essa Europa fora. Haverá ainda Club Garage, apontado para a tarde e para o final da noite, associado a pratadas suculentas e apuradas até ao limite, havendo pizza mariachi - Cólera - e super chili na ementa. Toda uma conjugação de prazeres divinos.

11 de dezembro de 2013

Purple Weekend e a brutal consagração dos seus 25 anos com Black Angels, Lala Brooks e Nikki Hill

A vida é bela quando um festival oferece doses de sedução estonteantes, fazendo com que a mente viaje num recreio sem fim, invariavelmente espalhado de magia. Uma diferença perceptível graças às presenças maiores de artistas do calibre de Lala Brooks, uma das integrantes das Crystals, que passaram pelas mãos de Phil Spector e da Motown, vocalista principal nesses lendários e ainda hoje fundamentais temas: 'Then He Kissed Me' ou 'Da Doo Ron Ron', que deixaram a plateia arrepiada e petrificada com a excelência da forma e pela leveza da interpretação desta diva do soul de 66 anos, um portento de simpatia, que não deixou de provar as emoções do festival pela madrugada dentro. No seu alinhamento acabou também por entrar com um brilho inesquecível 'All or Nothing' tema popularizado pelos Small Faces, que acabaria por constituir uma estreia no seu repertório ao vivo. O Purple Weekend celebrou as bodas de prata com figuras de primeiro plano variadas, amparado por um atmosfera imbatível e irresistível, recuando num deleite constante ao que era o visual londrino dos sessentas, elevando-se a um lugar de referência da cultura mod, das lendas e das esperanças do soul, do revivalismo rhythm & blues e garajeiro. Já situado desde há muito no topo das preferências de um alargado público, que viaja de Madrid, Barcelona, Astúrias e Galiza,sobretudo, mas também de Portugal, Inglaterra ou Alemanha fascinado pelas propostas de um evento marcadamente esplendoroso e poderoso. Tudo exponenciado num cartaz altamente dourado, tratado com imenso cuidado, afinco e superior requinte, cabendo grande parte da responsabilidade a Constantino e Patrícia, inexcedíveis, agilizando recursos na ligação perfeita gerada entre todos os espaços do Purple. É uma organização de excelência que cuida dos pormenores, do melhor acolhimento dos fãs, honrando ao máximo uma festa que atravessa a cidade com recorte majestoso, que fundamenta e celebriza León como epicentro de uma adorável febre musical. Não há frio suficientemente castigador, é impossível não sentir o impacto de um festival assim,de quatro noites devoradas hora a hora, concerto a concerto, música a música. Não há como o evitar, suspira-se por mais a cada segundo, acalenta-se a comunhão de uma paixão pela pista, vendo o desfilar de bandas com olhos arrebatados pela classe suprema que emana do palco. O frio Dezembro convida visitas bem agasalhadas e essa é uma marca de estilo inconfundível no espectador do espetacular Purple Weekend, que passa durante o dia pelo delicioso e charmoso Gran Café, pelo escaldante Mongogo, pelo cirúrgico Espaço Vias. E durante a noite pelo Pavilhão CHF, onde se dá de caras com senhores e senhoras ilustres da história do rock, do mais primitivo ao mais íntimo, do mais ruidoso ao mais elegante, transportando horas mais tarde a euforia e toda a energia para a OH Leon, onde se cruza todo o mundo, rasgando pista como se não houvesse amanhã. As Allnighters continuam a ter um encanto difícil de igualar em qualquer parte do mundo, obra de um conjunto de dj's sublimes em cada escolha, levando para León as melhores coleções de 45 polegadas, que tão bem aprofundam o melhor do garage, do freakbeat e do psych, como do soul ou do rhythm & blues no andar superior. Os 25 anos do Purple foram concorridos por mais de 10 000 mil pessoas, prova do sucesso readquirido nos últimos anos por um certame erguido na cidade por altura do brilho dos Flechazos. ´
A edição de 2013 juntou ao que já é padrão do festival uma aposta pelas bandas proeminentes de um universo psicadélico, casos de Black Angels e Night Beats, que vieram a León apresentar os novos álbuns, Indigo Meadow e Sonic Bloom, respetivamente, e deixar um rasto de ruído e reverb para se perpetuar que nem um eco permanente nos ouvidos mais entretidos. Depois do show tremendo dos Night Beats com o guitarrista e ensaiar incursões pelo meio da multidão e a subir uma das estruturas metálicas do palco numa manifesta epifania auditiva e psicotrópica, o melhor estaria ainda por chegar. Os Black Angels, liderados por Alex Maas e Christian Bland, munidos de todo o seu arsenal sonoro, guitarras distorcidas e imagens projectadas na retaguarda regadas de feitiço ácido, proclamaram-se reis do psicadelismo, engatando uma sucessão de temas tocados numa perfeição notável a deixar o público espanhol pregado ao solo, estarrecido de tanta admiração, perante músicas que penetravam diretamente nas veias e fluíam na mente com uma voltagem incrível tais como Don't Play With Guns, Science Killer, Telephone, You on the Run, Indigo Meadow ou Evil Things. Uma monstruosidade de espetáculo, pela positiva, que atingiu as duas horas, preenchendo de forma superlativa todos aqueles que sejam fãs de Velvet Underdround, 13th Floor Elevators ou Spacemen 3, que abriram um caminho explorado agora com uma criatividade e pujança próprias. Os Black Angels são claramente já uma instituição à parte no rock psicadélico, credenciados por quatro brilhantes álbuns e uma inspiradora colaboração em estrada e palco em 2008 com o veterano e carismático Roky Erickson. León aplaudiu perplexa esta actuação, num fecho deslumbrante de festival no Pavilhão CHF. Antes de toda esta tempestade sonora, foi com Jeff Hershey & the Heartbeats que a festa começou, indo mais aos gosto dos amantes do rhythm & blues e rockabilly, rendidos à aceleração de um intérprete, em autêntica combustão, espalhafatoso e imparável, correndo e saltando e procurando sempre o contacto com a audiência. Semeou a loucura dentro e fora do palco, num espectáculo com raízes inegáveis em Jon Spencer & Blues Explosion, se bem que Jeff Hershey tenha tido a tentação exagerada de parar a rotação da banda em nome de trocas de impressões com o público.
Para a primeira noite, a capital leonesa vestiu-se de gala para receber a mítica Lala Brooks, que subiu ao palco na companhia dos galegos Allnight Workers e outros músicos dotados de mestria como o seu filho adotivo Yoshida, no órgão, alegadamente a mente criativa em todos os arranjos. Foi puro encanto, pura lição de elegância e vitalidade, tudo isso culminando numa excepcional visão de uma entrega apaixonante de Lala. O público esse já estava bem quentinho, após um concerto de TT Syndicate. Os portuenses libertaram o seu fragor dos sessentas e uma alma negra elevou-se durante uns 40 minutos, contagiando uma plateia ainda pouco numerosa mas já devota ao que tinha pela frente. Versões excitantes como o Fever tornaram a actuação mais suculenta embora o êxtase tenha ficado patente em No Money e Last Night, os dois temas que moram no primeiro 45 dos TT Syndicate, grupo que junta elementos dos Mean Devils, Thee Chargers ou Tornados, além de uma valiosa secção de sopro. Pelo meio apareceram em palco os The Sloths para um concerto todo ele transformado numa caixinha de surpresas. O Makin Love, um dos mais infernais temas das compilações das bandas americanas garajeiras dos sessentas, Pebbles, gerava toda a curiosidade, reduzida a migalhas face ao repertório de números não convencionais trazidos para Espanha pelo vocalista, que se vestiu de padre, imitou rituais satânicos, fez-se passar por ilusionista e percorreu o palco como louco, usando joalheiras para se fazer deslizar tal e qual um rock star mergulhado numa fita cómica. Os Sloths até entreteram numa perspetiva puramente non sense, já que musicalmente se tornaram desesperantes, extremamente desgarrados, faltando notória ligação entre o vocalista, espante-se quem quiser, também realizador de Sexta-Feira 13 (capítulo 6) e o resto da banda. Uma mancha num primeiro dia em que também pela tarde a música primou pela qualidade, a cargo dos galegos Fogbound, que deixaram pistas promissoras das suas competências mas também dos dinamarqueses The Youth. Impressionante a energia deste quarteto com expressões e movimentos peculiares, guiado por um frenesim ruidoso a fazer lembrar Masonics e tudo o que deriva de Billy Childish.
Na sexta-feira, os Limboos encheram o Gran Café logo às 15 horas e provaram ter bagagem mais que suficiente para merecer lugar no palco principal. O novo grupo galego formado por Marky e Roi, ambos dos reputados Phantom Keys, apresentou um registo de categoria ímpar de rhythm & blues, deliciando a atenta assistência, que largou cedo o conforto da cama preferindo mais um prazeroso serão musical, pese as horas impróprias até que duram as allnighters. Pela noite, haviam atracções distintas e muito distintas provaram ser. A voz colossal de Nikki Hill, talento emergente do soul, fez valer a sua fibra em palco, tributando lendas que a inspiraram de Chuck Berry a Rolling Stones, passando por Ottis Redding. Um desfile de classe assombroso de uma miúda com arcaboiço vocal para conquistar o mundo. A amostra do seu primeiro trabalho transposta para ao vivo é simplesmente irrepreensível com um indelével toque de sedução. Nikki Hill agarrou com o seu esplendor o público do Purple Weekend com total facilidade e simpatia desarmante, ao ponto dos Decibels, banda americana de power-pop, responsabilizada pelo fecho da noite, não ter em momento algum disfarçado o desconforto por uma debandada assinalável de gente. Os suecos The Most, primeiros da noite, cumpriram e deixaram um rasto de satisfação em quem se apressou por vê-los. Pelo Espaço Vias, sede do festival, albergando um mercado de roupa e outro de discos,em vinil, passaram por cada tarde duas bandas e foi lá que encerrou domingo o Purple Weeekend 2013 com os austríacos The Attention e com a banda local Karma Gurus. Mas também no sábado se viu muita qualidade, sobretudo à conta de outra banda da Áustria: Bj's New Breed. Este é um projecto paralelo dos Jaybirds, figuras incontornáveis do freakbeat europeu e já amigos de longa data deste grande festival. O Purple Weekend não teve tempos mortos, teve actividade, toda ela valiosíssima, para um desfrute intenso. Entre a rota Gran Café, Espaço Vias, Mongogo, Pavilhão CHF e Oh León se percebe a dimensão de um festival que mascara a cidade ao seu elevadíssimo bom gosto.

28 de novembro de 2013

Barreiro Rocks é festa e ponto final

Uma cidade enérgica com uma energia que contagia e vicia. O Barreiro Rocks é a explosão de uma genuína sedução pelo rock'n'roll eternamente enamorado pela interação com o público, pela selvajaria em palco e fora dele. Onde reina a comunhão por uma festa única. Volta a realizar-se em 2013, mas numa só noite, que se espera apoteótica. Dá pena que seja só uma mas fica a certeza da condensação de adrenalina, de vertigem insana, de perdição completa. Será este sábado, 30 de Novembro, no Grupo Desportivo Ferroviários. A ação vai começar com a atuação de Fast Eddie Nelson, pelas 21h30. O cartaz é quase cem por cento português, não fosse a contratação à última hora de Mark Sultan, o parceiro de King Khan na banda King Khan & BBQ Show, que assim embeleza o elenco do Barreiro Rocks, que terá ainda concertos de Xungaria do Céu, Nicotine's Orchestra, um cliente habitual do certame, Victor Torpedo Show, um projeto recente de Vitinho (Tédio Boys e Parkinsons), pela primeira vez a solo, que nos remete para a afeição ao dub e ao ska, e, finalmente, Murdering Tripping Blues. Maria P encerra as festividades com a seleção criteriosa de psych, freakbeat e garage. O bilhete está à preço altamente convidativo, 10 euros. Outra atração será a estreia nacional do documentário 'Música em Pó' de Eduardo Morais, realizador de 'Meio Metro de Pedra', que desta feita foca o seu olhar nos maiores coleccionadores de vinil do país, sem quaisquer censura de estilo. Tudo o resto é folia destravada, correria até ao petisco e um regresso a casa cheio, tão cheio de boas histórias.

19 de novembro de 2013

Death By Unga Bunga e A Boy Named Sue de regresso ao Armazém do Chá

De regresso a Portugal com datas em Lisboa, Coimbra e Porto, é já este sábado que os noruegueses Death By Unga Bunga regressam ao palco do Armazém do Chá, onde já deixaram rasto de uma festa vibrante, graças ao seu garage inspirado nas bandas lendárias dos sessentas e de vocação mais cavernosa. A banda nórdica, munida de vestimentas e instrumentos marcadamente vintage, está a apresentar o seu novo álbum You're an Animal por toda a Península Ibérica. DEATH BY UNGA BUNGA Apesar de ser um quinteto bastante jovem, ao longo dos últimos anos conseguiu conquistar o seu espaço. Centenas de intensos concertos e o álbum de estreia, Juvenile Jungle (2010), foram o suficiente para despertarem a curiosidade do público e fazer virar as atenções para a banda oriunda de Moss, Noruega. Os Death By Unga Bunga têm a música e cultura dos anos 60 como a sua maior influência. Chegam a Portugal com novo álbum, “You’re na animal”, editado em Setembro deste ano. DJ A BOY NAMED SUE Os seus sets caracterizam-se por uma forte vertente rock 'n' roll, nos quais visita sonoridades soul, funk, rhythm and blues, garage e punk rock ou new wave, uma espécie de máquina do tempo que cria laços entre os grandes clássicos e as novas tendências da música contemporânea. Playlists ou sets pré-definidos não têm espaço neste universo caracterizado por ambiestes dançaveis e festivos, intensos e imprevisíveis, recheados de hits do passado e do presente. Sinal dos tempos ou desígnio dos Deuses, A Boy Named Sue baralha e volta a dar a História da Música Popular, sem quebras de ritmo nem tiros no escuro, como só um verdadeiro mestre de cerimónias é capaz.

12 de novembro de 2013

Club Garage estreia-se nos Maus Hábitos

Rock'Roll Mariachi & Chili Fever - com Club Garage a partir das 17 horas e exibição do filme Decima Vittima, de Elio Petri com Marcelo Mastroianni, Ursula Andress e Elsa Martinelli, a partir das 21h30. Rock'n'Roll Mariachi & Chili Fever começa sábado no Maus Hábitos e em futuras datas a coisa vai ganhar brilho com concertos. Para já temos o Club Garage associado a pratadas suculentas e apuradas até ao limite, havendo pizza mariachi e super chili na ementa. E para que não vos falte nada, conforto, delírio e acomodação ao espaço haverá a exibição de um filme ao início da noite. A música a cargo de Vinnie Jones e Mojo Hannah estará omnipresente rasgando todas as fronteiras e convocando o espírito de Screamin Jay Hawkins, Little Willie John, La Lupe, não esquecendo cavalgadas psicadélicas inebriantes e autênticos furacões garajeiros. Agarrem-se à pista logo à tardinha, a partir das 17 horas, e não arredem pé em momento algum. Chega uma festa nova, absolutamente recheada de tentações. O paladar mexicano estará a degustação do freguês com a estreia de uma pizza divinal apresentada pela casa. A glória dos sessentas celebra-se tarde e noite carregando o festim com psicadelismo, exotismo e todo o desvario bandas mais obscuras, insanas e selvagens de que há memória, retratadas brilhantemente nas compilações dos Nuggets, Back from the Grave, Teenage Shutdown ou Pebbles. O deleite visual está assegurado pela exibição de um filme icónico da época, pleno de arrojo futurista. «Num futuro próximo, as guerras são evitadas com a oportunidade dada a pessoas com índole violenta de matar a outros num jogo de vida ou morte chamado 'A Grande Caçada'. A Caçada é a forma de entrenimento mais popular do mundo e atrai todo tipo de pessoas em busca de fama e fortuna. Ele é disputado em dez rodadas para cada competidor, cinco como caçador e cinco como vítima. Quem conseguir chegar ao fim e liquidar seu décimo adversário, torna-se extremamente rico, famoso e se aposenta.

7 de novembro de 2013

Smoggers em data com Dirty Coal Train

Numa organização da Chaputa Records, dois concertos à maneira no Armazém do Chá, este sábado: Dirty Coal Train (Lisboa) e The Smoggers (Sevilha). Garage na ementa e também na mente dos dj's de serviço: Esgar Acelerado e Themoteo Suspiro.

Cartaz oficial e definitivo do Purple Weekend, apresentado ontem numa conferência de imprensa em Leon

5 de novembro de 2013

Night Beats, Black Angels e os portuenses TT Syndicate nos 25 anos do Purple Weekend

O Purple Weekend é um colosso que semeia o encanto ao longo de quatro dias, reaproximando pessoas e aglutinando afinidades. Criando azáfama e um mundo de perdição, tamanha a imensidão de discos em redor, lambrettas de coleção, um requinte retro entusiasmante ao primeiro olhar. A música, qual prazer sublime, tem neste festival de Leon, que vai gozar o 25º aniversário entre 5 e 8 de Dezembro, uma extraordinária febre, uma alucinação prolongada de arte, de efeitos, de sons, de moda, envolvendo dádivas maravilhosas a amantes do psych, do beat, do garage e do soul e rhythm and blues, agarrados à vibração única, permanente, contagiante, que enche as tardes e percorre sem fim as noites. A oferta é tão fantástica como surpreendente, rendendo homenagens e oportunidades únicas, desbravando a aura da cidade a cada segundo. De ano para ano, construindo uma história riquíssima, suportada numa organização altamente competente, que escolhe a dedo, com incrível sabedoria para corresponder a anseios e muitas tentações. Do suspiro por monstros sagrados a revelações escaldantes, o Purple Weekend tem uma rede eficaz, reeducando sensibilidades com um amplo naipe de nomes sonantes guardados para cada ocasião, conforme os desejos da faminta maioria. León tem a vocação, tem o contexto, tem a elegância, tem um charme inconfundível no ar, tem o saber bem receber e ainda melhor entreter. O Purple Weekend é um fascínio dentro de outro maior, que nos faz embarcar numa viagem intemporal, regalando os olhos com atuações deslumbrantes e momentos inesquecíveis na mais louca pista de dança. E é sempre a suspirar por mais, o dia é preenchido com qualidade exemplar, passando pelas investidas ao Mongogo, mergulhando aí num paladar mexicano, num convívio fantástico e num estilo decorativo acolhedor, onde cartazes vistosos fazem as delícias dos curiosos, estejam eles sintonizados ou colados ao psychobilly e às produções de Série B, reavivando a memória para desconcertantes fitas de horror ou sci-fi. A degustação musical não tem fim, as tardes no Gran Café são simplesmente deliciosas...e perigosas, tal a escalada vertiginosa de temas bombásticos, capaz de fazer gastar muita energia. O cartaz de 2013, embora desfalcado dos Thee Flamin Groovies, que canceleram recentemente a sua presença, atesta a força de uma organização sempre em crescendo, desenhando uma festa de eleição, sedutora com bandas do calibre de Night Beats e Black Angels, norte-americanos comprometidos com o psych e com doses eletrizantes de reverb, gloriosos em palco, endeuzando gente ilustre como Roky Erikson, Spacemen 3 ou Velvet Underground. Tocam ambas em Leon no sábado, 7 de Dezembro. Os Night Beats, com o álbum 'Sonic Bloom' na bagagem, e os Black Angels, viajando com 'Indigo Meadow' transportam este Purple Weekend para um diferente universo sonoro, apelando a fãs pouco convencionais do festival. Dentro do que é mais habitual, vislumbram-se nomes consentâneos com a tradição do Purple e o seu espetro negro. O soul e o ryhthm & blues estão defendidos com a mais indelével categoria, representados brilhantemente por Lala Brooks, um dos rostos das enormíssimas the Crystals, celebrizadas por êxitos como 'He's a Rebel', 'Then He Kissed Me' ou 'Da Doo Ron Ron'. A excelsa intérprete, que ainda se agora se atreveu a lançar mais um trabalho magnífico, produzido pelo grande Mick Collins (Gories e Dirtbombs) estará acompanhada em palco pelos galegos The Allnight Workers. A voz talentosa de Nikki Hill é outra inestimável atração, bem como o concerto de Jeff Hershey & the Heartbeats, não se podendo ignorar as apostas em bandas frescas e excitantes como os galegos The Limboos, que contam com elementos dos Phantom Keys, e os portuenses TT Syndicate, que combinam referências do mais prazeroso e dançável rhythm & blues. Habituados à estrada e a circuitos que vão do soul ao rockabilly conseguem expressar-se em palco com sublime ousadia e bom gosto nos arranjos. A não perder, tal como os austríacos The Attention, adorados pelo público espanhol graças a um garage beat do mais refinado que se pode apreciar, os ingleses The New Electric Ride, os franceses French Boutike ou os suecos The Most. E há bandas como os norte-americanos The Decibels ou Kurt Baker, enquadrados numa linha de power pop, onde também pontificam os galegos Niño y Pistola, que estarão em Leon para apresentar o seu novo album There's a Man with a Gun Over There.
Muito apetecível promete ser o concerto dos The Sloths, banda norte-americana dos sessentas, formada em Los Angeles, que criou hinos como Makin Love e You Mean Everything, um sete polegadas dos mais raros da cena garageira de tendência mais obscura e selvagem, reaproveitada e valorizada mais tarde nas compilações Back from the Grave, com registo no volume 2. Depois de longos 45 anos de interregno, tiveram vida curta nos sessentas, reuniram-se em 2011 com uma base forte da formação original e são descritos hoje em dia como fiáveis e totalmente pujantes, fazendo justiça ao som com que se destacaram e ao caminho que iluminaram para outros grupos com o mesmo apetite voraz pelo garage cavernoso embebido no mais genuíno rhythm & blues. Makin Love pode muito bem ser o tema maior e o espelho de mais um grandioso Purple Weekend. Toda a informação relativa às bandas está no site oficial do festival, bem como indicações sobre a melhor forma de aquisição dos bilhetes, custando 65 euros o ingresso para a totalidade do Purple Weekend, composto por quatro noites. Além dos concertos no Pavilhão CHF, das allnighters na discoteca Oh Leon, merecem relevo uma exibição de scooters, exposições variadas e um mercadinho de discos.