5 de novembro de 2013
Night Beats, Black Angels e os portuenses TT Syndicate nos 25 anos do Purple Weekend
O Purple Weekend é um colosso que semeia o encanto ao longo de quatro dias, reaproximando pessoas e aglutinando afinidades. Criando azáfama e um mundo de perdição, tamanha a imensidão de discos em redor, lambrettas de coleção, um requinte retro entusiasmante ao primeiro olhar. A música, qual prazer sublime, tem neste festival de Leon, que vai gozar o 25º aniversário entre 5 e 8 de Dezembro, uma extraordinária febre, uma alucinação prolongada de arte, de efeitos, de sons, de moda, envolvendo dádivas maravilhosas a amantes do psych, do beat, do garage e do soul e rhythm and blues, agarrados à vibração única, permanente, contagiante, que enche as tardes e percorre sem fim as noites. A oferta é tão fantástica como surpreendente, rendendo homenagens e oportunidades únicas, desbravando a aura da cidade a cada segundo. De ano para ano, construindo uma história riquíssima, suportada numa organização altamente competente, que escolhe a dedo, com incrível sabedoria para corresponder a anseios e muitas tentações. Do suspiro por monstros sagrados a revelações escaldantes, o Purple Weekend tem uma rede eficaz, reeducando sensibilidades com um amplo naipe de nomes sonantes guardados para cada ocasião, conforme os desejos da faminta maioria. León tem a vocação, tem o contexto, tem a elegância, tem um charme inconfundível no ar, tem o saber bem receber e ainda melhor entreter. O Purple Weekend é um fascínio dentro de outro maior, que nos faz embarcar numa viagem intemporal, regalando os olhos com atuações deslumbrantes e momentos inesquecíveis na mais louca pista de dança. E é sempre a suspirar por mais, o dia é preenchido com qualidade exemplar, passando pelas investidas ao Mongogo, mergulhando aí num paladar mexicano, num convívio fantástico e num estilo decorativo acolhedor, onde cartazes vistosos fazem as delícias dos curiosos, estejam eles sintonizados ou colados ao psychobilly e às produções de Série B, reavivando a memória para desconcertantes fitas de horror ou sci-fi. A degustação musical não tem fim, as tardes no Gran Café são simplesmente deliciosas...e perigosas, tal a escalada vertiginosa de temas bombásticos, capaz de fazer gastar muita energia.
O cartaz de 2013, embora desfalcado dos Thee Flamin Groovies, que canceleram recentemente a sua presença, atesta a força de uma organização sempre em crescendo, desenhando uma festa de eleição, sedutora com bandas do calibre de Night Beats e Black Angels, norte-americanos comprometidos com o psych e com doses eletrizantes de reverb, gloriosos em palco, endeuzando gente ilustre como Roky Erikson, Spacemen 3 ou Velvet Underground. Tocam ambas em Leon no sábado, 7 de Dezembro. Os Night Beats, com o álbum 'Sonic Bloom' na bagagem, e os Black Angels, viajando com 'Indigo Meadow' transportam este Purple Weekend para um diferente universo sonoro, apelando a fãs pouco convencionais do festival. Dentro do que é mais habitual, vislumbram-se nomes consentâneos com a tradição do Purple e o seu espetro negro. O soul e o ryhthm & blues estão defendidos com a mais indelével categoria, representados brilhantemente por Lala Brooks, um dos rostos das enormíssimas the Crystals, celebrizadas por êxitos como 'He's a Rebel', 'Then He Kissed Me' ou 'Da Doo Ron Ron'. A excelsa intérprete, que ainda se agora se atreveu a lançar mais um trabalho magnífico, produzido pelo grande Mick Collins (Gories e Dirtbombs) estará acompanhada em palco pelos galegos The Allnight Workers.
A voz talentosa de Nikki Hill é outra inestimável atração, bem como o concerto de Jeff Hershey & the Heartbeats, não se podendo ignorar as apostas em bandas frescas e excitantes como os galegos The Limboos, que contam com elementos dos Phantom Keys, e os portuenses TT Syndicate, que combinam referências do mais prazeroso e dançável rhythm & blues. Habituados à estrada e a circuitos que vão do soul ao rockabilly conseguem expressar-se em palco com sublime ousadia e bom gosto nos arranjos. A não perder, tal como os austríacos The Attention, adorados pelo público espanhol graças a um garage beat do mais refinado que se pode apreciar, os ingleses The New Electric Ride, os franceses French Boutike ou os suecos The Most. E há bandas como os norte-americanos The Decibels ou Kurt Baker, enquadrados numa linha de power pop, onde também pontificam os galegos Niño y Pistola, que estarão em Leon para apresentar o seu novo album There's a Man with a Gun Over There.
Muito apetecível promete ser o concerto dos The Sloths, banda norte-americana dos sessentas, formada em Los Angeles, que criou hinos como Makin Love e You Mean Everything, um sete polegadas dos mais raros da cena garageira de tendência mais obscura e selvagem, reaproveitada e valorizada mais tarde nas compilações Back from the Grave, com registo no volume 2. Depois de longos 45 anos de interregno, tiveram vida curta nos sessentas, reuniram-se em 2011 com uma base forte da formação original e são descritos hoje em dia como fiáveis e totalmente pujantes, fazendo justiça ao som com que se destacaram e ao caminho que iluminaram para outros grupos com o mesmo apetite voraz pelo garage cavernoso embebido no mais genuíno rhythm & blues. Makin Love pode muito bem ser o tema maior e o espelho de mais um grandioso Purple Weekend.
Toda a informação relativa às bandas está no site oficial do festival, bem como indicações sobre a melhor forma de aquisição dos bilhetes, custando 65 euros o ingresso para a totalidade do Purple Weekend, composto por quatro noites. Além dos concertos no Pavilhão CHF, das allnighters na discoteca Oh Leon, merecem relevo uma exibição de scooters, exposições variadas e um mercadinho de discos.
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