28 de dezembro de 2011

Parkinsons levam Porto para 2012



Um concerto dos Parkinsons está marcado para dia 31 no Porto, na festa organizada a meias entre a Garagem e a Yellow-Stripe, que tem como casa o imponente, estimulante e bem sonoro Teatro Sá da da Bandeira. Afonso Pinto na voz, Vítor Torpedo na guitarra, Pedro Chau no baixo e agora Kaló, na bateria, alimentam esta furacão primitivo de rock'n'roll, de corpo cheio, suor imenso e loucura plena, que arrebatou Inglaterra quando emergiu no underground londrino. Depois de terem regressado com pujança máxima e o carisma de sempre aos palcos em 2011, fecham o ano com mais uma actuação a não perder, seguramente regada de todos os exageros possíveis. Em comum têm todos um passado nos Tédio Boys e uma destreza musical formidável que faz de qualquer um dos seus espectáculos um monumento ao melhor punk dos finais de setentas. A festa de ano novo no Sá da Bandeira terá diversos espectáculos e vários espaços envolvidos. A actuação dos Parkinsons acontecerá no Room 2, vulgo Estúdio Latino, seguidamente a concertos de outras bandas nacionais. EL Oscar e Kisto Kutabari são dj's de serviço dentro do punk/rock.
O Sá da Bandeira abre portas às 22h30 e encerra às 9 da manhã, garantindo diversão contagiante ao gosto do freguês. Os bilhetes têm custo por estes dias de 20 euros e no próprio dia sobem para 23 euros.

14 de dezembro de 2011

Grupaços galegos com novos trabalhos


Samesugas e Phantom Keys, dois dos grupos galegos mais bem sucedidos à sua maneira, estão de volta, em boa hora, às edições discográficas. Os primeiros com «They are Out There» certificam a sua pujança sonora, já patente nos singles apresentados nas redes sociais: Exploding Heart e o homónimo They are out There. O trajecto destes senhores de Compostela já não confere espaço para dúvidas e este disco confirma a coerência e fidelidade a um estilo que lhes valeu a conquista de fãs por toda a Espanha e mesmo em Portugal, onde actuaram diversas vezes. O punk/hardcore interpretado a toda a velocidade e no máximo volume é a expressão que une ALberte, Joaquin, Alex e Ramon, quatro amigos que abraçaram o projecto Samesugas há mais de 13 anos. Novamente debaixo do selo Lixo Urbano, o quarteto aspira levar o seu mais recente trabalho ao maior número de salas, estando na órbita um inevitável regresso a Portugal.
Relativamente a Phantom Keys resta aclamar e saudar o novo trabalho, um portento de garage rock bebido nos sessentas, devorando compilações como Pebbles, Back From the Grave, respirando a aura dos Pretty Things e dos Stones de 60'. De uma excelência europeia e já com difusão no Japão 'The Real Sounds of' é sem, ponta de dúvida, o ponto de maturidade de um grupo que amadureceu depressa fiel ao seu estilo e às suas ideias, reforçando o seu espírito punk. O disco já tem distribuição por Alemanha e Holanda também, sendo amplamente aguardado em Espanha, onde a banda tem apreciadores espalhados por todo lado, devido ao seu vibrante teenbeat, somado a um estilo e elegância desde sempre afirmados. Esta a composição de um album disponível para audição no site da banda: http://thephantomkeys.bandcamp.com/

1. I´m still a mess 02:27
2. Twisted neck 02:12
3. Even if i try 03:20
4. Evil Eye 02:30
5. My last mistake 03:03
6. The drunk chicken walk 01:52
7. Corn Likker 01:50
8. Don't tell me lies 02:44
9. Land (o) Beat 02:33
10. It's better girl 03:28
11. Poor boy 03:14
12. I was true (but I won't be more) 03:00

Thee Chargers já com disco


Uma dádiva de natal para os fãs, Os Thee Chargers com Oscar Gomes (guitarra), Nuno Gomes (bateria), Filipe Leite (guitarra) e Nuno Silva (baixo) e também Pedro Serra, convidado na voz em Sinner Not a Saint, têm já disponível o seu primeiro avanço discográfico, preenchido com três temas, primeiro deles já com direito vistoso a um vídeo: 1)Sinner not a Saint, 2)Rough Diamond, 3) Take it Off. A primeira é uma versão de Trini Lopez, enquanto a terceira é uma versão de Genteels. A banda concretiza um passo há muito ambicionado e que promete um 2012 ainda mais carregado de concertos, onde fazem realmente valer a sua destreza de músicos sintonizados com a corrente surf e garajeira. Quem quiser comprar faça favor de procurar chegar a contacto com os elementos da banda portuense, especialmente nas suas actuações. O cd fica ao preço de 3 euros mas há pacote de cd+t-shirt a 15.

13 de dezembro de 2011

Dennis Hopper para ver em Guimarães


O arrojo fotográfico de Dennis Hopper, excepcionalmente desenvolvido na década de 60, está patente ao público numa deveras apreciável exposição no Forum da Fnac Guimarães, que resulta de uma parceria com a Taschen, editora responsável pela compilação em livro do trabalho do carismático e genial actor por detrás da objectiva - Dennis Hopper Photographs 1961-1967. Alguns dos retratos mais famosos do multifacetado artista, brilhante actor, realizador, fotógrafo, pintor, escultor e poeta podem ser admirados até 19 de Janeiro, primeiro como extensão da sua própria vida cinematográfica, homenageando ícones como Paul Newman, Jane Fonda, Elizabeth Taylor, Natalie Wood ou James Dean com quem contracenou na sua estreia em 'Rebel Without a Cause', depois como explicação do seu raio artístico, na comunhão de vivências com Andy Warhol, ou também com inegável intervenção na sociedade, captando a história ou parte dela, como o comprova o fulminante olhar aos discursos de Martin Luther King. Para lá de tudo isto e fazendo uso permanente da sua máquina como instrumento de arte não deixou escapar a agitação das auto-estradas de Los Angeles e das ruas de Nova Iorque. Uma visão com amplitude e técnica muito própria.
Esta exposição foi pensada para render mais um tributo a Dennis Hopper, tristemente falecido o ano passado. Será para sempre lembrado pelo seu denso envolvimento nessa obra prima Easy Rider bem como um rosto incontornável da contracultura. Entre muitos impactantes desempenhos destacam-se os Apocalypse Now ou, o mais exuberante, de Frank Booth em Blue Velvet. Um dos magníficos de Hollywood.

7 de dezembro de 2011

Purple Weekend dos Buzzcocks e da revelação Frowning Clouds

















O Purple Weekend tributa o esplendor dos sixties e faz literalmente recuar no tempo cada um dos seus apaixonados, entretendo e viciando em cada detalhe, arrastando consigo a expressão de uma época disseminada numa colecção de imagens irresistíveis. O calor musical contrasta com o frio que domina Leon, nada melindra a reputação de um festival consagrado em 24 anos de vida, que conhecerá pela vitalidade demonstrada este ano o 25º aniversário em 2012. De grupos promissores a outros graúdos e cimeiros cozinhou-se um bolo delicioso e bem recheado. Buzzcocks com a força dos seus hits e a proeminência na cena punk, foram alavanca para uma edição absolutamente esmagadora, vitaminada por bandas variadas e realmente valiosas, público vasto e comprometido e acertadas propostas complementares, isto já para não falar da própria aragem de uma cidade monumental, artisticamente crescida e atrevida, gastronomicamente suculenta na imensidão de cafés, bares e restaurantes que emergem no seu movimentado Bairro Húmedo, dentro de Leon Gotico, retratado na sua brutal catedral e na intervenção do mestre Gaudí. Ainda para mais decorria a Feira das Tapas...
Impressionante a fresca regeneração do Purple Weekend em 2012, sofisticado, escaldante e sedutor, abraçando o seu público com propostas insuperáveis. Foram os Buzzcocks a garantir uma enchente na última noite, os Frowning Clouds a escreverem uma nova era no garage ou os Masonics a plantarem em palco uma atitude de excelência, de vigor e de punk rock acertado em cada impulso, olhar, acorde. Outros históricos como Barracudas, Lambrettas ou Roy Ellis, este acompanhado dos galegos Transilvanians, ajudaram a multicolorir e animar o ambiente.
Perfeitamente enquadrados no habital do Purple, os austríacos The Jaybirds, autênticos senhores, encarnaram a difícil sucessão em palco dos australianos Frownind Clouds, meninos que dificilmente passam os 20 anos. A competência e estética dos primeiros, mergulhados na onda freakbeat, levando a bom porto igualmente um fluido rhythm & blues, foram ao encontro da aura do festival, mas o impacto constatado na actuação dos segundos foi marca e perfume desta edição.


O grupo de Melbourne encadeou os seus temas com uma energia contagiante num frenesim garage digno das melhores comparações com pérolas das compilações Pebbles e Back from the Grave. Dotados e talhados para cintilarem a sua estrela durante anos a fio, eles conjugam autenticidade, simplicidade e pleno divertimento no palco, munidos de um som desbravado e esmiuçado nos sessentas e toda uma excelência vintage ao nível dos instrumentos, de fazer inveja. A Leon, encerrando a sua estreia europeia, vieram apresentar o single 'All Night Long', um estrondo de canção, que gruda no ouvido e arrebata ao primeiro contacto, que sucede ao album 'Listen Closelier'. Agarraram facilmente a plateia e ainda viram o retorno na compra de inúmeros discos, que desfilavam por todo pavilhão como relíquia para toda a vida.


As emoções cresceram na segunda noite, que até tinha cartaz, à priori, menos flamejante. Na primeira ainda houve o encanto de ver em palco o histórico Roy Ellis, cheio de diabruras, bailes, espargatas e cambalhotas falhadas, emprestando energia, humor e estilo a uma actuação assinalada com alguns dos seus temas emblemáticos. Fecharam os Barracudas, acompanhados de Chris Wilson (Flamin Groovies) na guitarra, pesos pesados que eclodiram no final dos setentas, conciliando e estimulando a ligação garage/rock e punk/surf. 'I Want my Woody Back' ou o contraditório (nesta altura do ano) 'Summer Fun' entre outros temas com chamariz, fizeram o público dançar, cantar e entrar em êxtase.
Para além dos concertos mais desejados guardados para o Pavilhão CHF, o Purple Weekend tem a vantagem de manter o festivaleiro entretido praticamente todo o dia, levando concertos ao Gran Cafe (15 horas), seguidos de imperdíveis Alldayer's, capazes de gerar danças frenéticas, ao som de alguns dos melhores dj's e coleccionadores de soul, beat, psych ou garage de Espanha. Por lá passaram bandas como Go Freaks ou Extended Plays.


No pós Gran Café, o centro de acção desviava-se para o Espaço Vias, equipado este ano com o mercadinho oficial do Purple, com evidência para compras de vinil, roupa e acessórios vários enquadrados na cultura do evento. Em termos de concertos destacaram-se os sempre imparáveis Imperial Surfers, e também os Groovy Uncle e os Wicked Whispers. Estes últimos, ingleses, invocaram um som mais psicadélico e acabaram por ser amplamente gabados pela estética elegante que trouxeram ao Purple Weekend. Terá sido, aliás, o melhor aquecimento para o fechar de actos no Pavilhão CHF, entre outras opções como as passagens pelo Gran Cafe ou Planeta Mongogo, que continua a ser referência para o ponto de encontro de gente da Galiza, mormente Ourense, Madrid, Leon, Astúrias, Barcelona, Valência e afins. Uma verdadeira casa de rock'n 'roll temperada com cozinha mexicana e um sabor picante inigualável e infindável.



Depois das nove da noite, os Masonics tomaram as rédeas e num ápice venceram a indiferença com um repertório garage beat vertiginoso e altamente primitivo, com raiva e estilo de mãos dadas, qualidade apurada na destreza de três músicos provenientes de projectos categorizados como Milkshakes, Headcoats, Kaisers ou Delmonas: Mick Hampshire, na voz, Bruce Brand e John Gibbs na secção rítmica.
Seguiu-se o culto mod alimentado pelos The Lambrettas, algo desgastados, ultrapassados mas, mesmo assim, deixando eufóricos alguns dos seus fãs mais fanáticos. E para encerrar o Purple Weekend 2011 uma das bandas com mais peso na história da música, mormente na definição do punk emergido em Inglaterra na mesma remessa de Clash, Pistols ou Damned. Os Buzzcocks com os originais Pete Shelley e Steve Diggle em dois acordes desde logo promoveram o caos na linha da frente. A carreira seminal desta banda coloca-a em lugar cimeiro e extremamente influente pela pujança do ritmo aliado a umas melodias que deixaram marca registada em temas como 'Ever Fallen in Love', 'Breakout', 'Harmony in My Head', 'What do I Get', 'Promises' ou 'Orgasm Addict'. Entre os saltos de Diggle e o profissionalismo de Shelley e a loucura da assistência, a banda de Bolton arrasou e ofereceu um estado de graça ao festival.


Não podia ser melhor lançada a terceira e última noite de dj's na discoteca Oh Leon!. Uma pista em pura fantasia e delírio, gritando e dançando com elegância e charme, sentindo e desfrutando do freakbeat ao psych, do soul ao rhythm & blues, além da emoção e entrega justificadas por descargas mais garageiras. Pena foi que ao contrário de outros anos não estivessem em permanente funcionamento as duas pistas que cabem no espaço. A festa ficou sempre concentrada no andar de baixo e poucos se atreveram a arredar pé da pista (só mesmo para fumar no exterior). Cumplicidade brutal, penteados cuidados, colorido abrasivo no vestuário à moda do espírito dos sessentas numa alegria de símbolos estéticos de uma época muita saudada e dominante na mente de todos que ajudaram a tornar ainda mais forte este Purple Weekend, marcado por uma extraordinária afluência, cifrada pelo concelho de Leon em mais de 12 mil espectadores.


















Fotos de Felipe Hernandez (1- Buzzcocks; 2- Frowning Clouds; 3-Roy Ellis; 4-Imperial Surfers; 5-Barracudas)
Reportagem de Pedro Cadima

6 de dezembro de 2011

Mean Devils tocam no Porto


Das suas actuações inflamadas se contam muitas histórias e se projectam imensas expectativas. Os Mean Devils são a força bruta do rockabilly nacional, que os tem feito voar além fronteiras, conquistando público por todo o mundo, especialmente em mercados como o francês, belga, alemão ou norte-americano. Nascidos na Invicta, espalhados por diferentes cantos, embrulhados em distintos projectos, eles reúnem-se esta sexta-feira, dia 9, para uma actuação no Armazém do Chá. Com Pedro Serra, Oscar Gomes, Nuno Gomes, Frank Abed a festa faz-se ao som de clássicos e de originais, num ritmo selvagem que não deixa espaço a comportamentos comedidos. Conceituados por presenças nos melhores festivais, têm o porte e aura de monstros sagrados do rockabilly da última década. Oscar Gomes e Ignition são os dj's mais apropriados para manterem alta a voltagem da noite

2 de dezembro de 2011

Kid Congo & Pink Monkey Birds no Armazém do Chá


Kid Congo pode ser descrito como um génio e uma lenda, mas mais que tudo para satisfação do próprio uma verdadeira instituição do rock'n'roll pelo seu passado partilhado no seio de bandas como Gun Club, Cramps ou Nick Cave & The Bad Seeds. O guitarrista lidera desde há alguns anos um novo projecto acompanhado dos Pink Monkey Birds e é com eles que faz data única em Portugal, no Porto, no próximo dia 16 de Dezembro, no Armazém do Chá. Uma ocasião única, verdadeiramente tocante, para ver de perto quem já brilhou lado a lado de Jeffrey Lee Pierce, com quem fundou os Gun Club ou Lux Interior, responsável pelo seu nome artístico. Sempre com os melhores e com uma guitarra demolidora, Kid Congo respira música na sua expressão mais livre, excêntrica, ousada e contagiante, integrando uma lista de figuras incontornáveis do rock'n'roll, pelo seu raio de influência ao longo dos anos. Basta atentar na sua participação em dois álbuns memoráveis de Cramps: Psychadelic Jungle e Smell of Female. Méritos de outras andanças à parte, Kid Congo mantém a vitalidade e o rasgo artístico, chegando a Portugal para apresentar Gorilla Rose, sucessor de Dracula Boots, digno da versatilidade do artista, fazendo situar o álbum em territórios que vão do surf ao punk, sem perder fulgor e interesse, além de gritos, gemidos, falas que emergem no imaginário do músico, sempre e, mais importante, com um toque fresco e sugestivo.
A noite encerra com mais um Club Garage, que só tem o objectivo de proclamar a sua admiração pelo trajecto de Kid Congo, tendo forçosamente que manter alto o calor na pista, deambulando a três num caos imenso, de deboche, subversivo quanto possível, como vai nos genes de quem pensa, executa e se desgraça.