15 de dezembro de 2009
LEON CHEIRA AOS SESSENTAS
- Mais um ano grande do Purple Weekend @ Leon é o espelho da cena mod em Espanha, formando um lindo cenário revivalista @ Blues Magoos foram estrelas de um cartaz que já apresentou em anos anteriores os Undertones, os Chesterfield Kings, os Pretty Things ou os Fuzztones
A cidade esplendorosa, o festival arrebatador, são a combinação perfeita de quatro dias/quatro noites memoráveis. Celebra-se a cultura e a estética mod, a música dos anos sessenta e setenta. O Purple Weekend atingiu este ano a sua 21ª edição (entre 4 e 7 Dezembro), sendo, garantidamente, um certame musical de indiscutível importância e elevada atracção em Espanha pela sua peculiar forma de exaltar uma forma de estar e sentir a música, revisitando o passado e tributando as lendas. A elegância e o charme, debaixo de uma indumentária muito própria, roupas airosas e coloridas, penteados sofisticados, são a imagem refrescante e o toque de classe que o festival deixa a todos os que visitam Leon no início de Dezembro e desfrutam de um ambiente sedutor, apaixonante, vibrante, acompanhado pelo envolvimento do comércio local e hospitalidade leonesa. Uma cidade espanhola de eleição, limpa, segura, bela e distinta, à mão dos portugueses, pois apenas dista duas horas de Ourense, e também na rota da capital Madrid. Leon reúne magia, imponência monumental, distintos e ricos traços arquitectónicos,longos passeios pedonais, uma soberba catedral gótica, e toda uma invulgar excitação musical traduzida com absoluta pertinência no Purple Weekend, festival preconizado nos anos 80 por membros dos Los Flechazos, reconhecidamente a mais influente banda mod feita no país vizinho.
A história e riqueza do Purple Weekend não tem paralelo por Espanha na temática tratada e o seu impacto é crescente à escala europeia junto de todos os que respiram a música dos 60 e 70, do garage ao soul passando pelo rock psicadélico. Uma combustão de estilos que tem vingado e fidelizado um público vasto, inclusive o britânico, decididamente mais afeiçoado à cena mod, tão bem reflectida em grupos da categoria dos de The Who, Small Faces ou Yardbirds ou, já mais tarde, numa espécie de ressurgimento transmitido pelos The Jam de Paul Weller.
Pretty Things, Chesterfield Kings, Electric Prunes, Undertones, The Zombies, The Creation, The Troggs, Remains, ou ainda Fuzztones, The Chords, Joe Bataan, todos em 2008, foram algumas das bandas históricas que pisaram Leon, sempre ao lado de projectos espanhóis de referência como Flechazos, Salvajes, Elephant Band ou Los Imposibles.
Os Blues Magoos, reis do garage psicadélico nos anos 60, já desprovidos da pujança e do acerto de outrora, mas autores de temas emblemáticos como o sensacional (We ain't got) Nothin' Yet, um hit tremendo que atingiu grande relevância no top americano, ou Gotta Get Away e Tobacco Road, foram cabeças de cartaz em 2009, reservados para o último dia. Se a experiência que aqui relato resume-se efectivamente ao dia de encerramento do Purple Weekend, elementar é dizer que bastaram 15 minutos na cidade para se sentir pronto e grato contágio da fantástica atmosfera, que já havia vestido Leon.
Chegado ao El Gran Café, aí se encontravam os espanhóis Blow Up a tocar para uma sala cheia bem ao início da tarde. No andar de cima...a música seria servida pouco depois numa festa que iria seguir até ao final do dia, ilustrada com muita cor, brilho e fantasia, ingredientes de um baile louco e selvagem. De facto, o festival está rodeado de interessantes particularidades que o dotam de alto astral, recheado de espaços, lotado de espectadores, embalado por um visual tão excêntrico quanto curioso. Um sucesso de imagem, uma marca de qualidade para um conjunto aproximado de dez mil seguidores, como foi partilhado pela organização.
O público é do mais criterioso que se pode ver em festivais, maduro, pacífico e, sobretudo, adepto de boa música e extrovertido, vincadamente para lá dos 30 anos de média de idade. A comunhão de todo um estado de espírito é evidente e todos, sem excepção, fazem por cintilar as suas vestimentas, penteados e símbolos...o tão conhecido círculo azul, branco e vermelho exibido por Keith Moon, o mais frenético baterista de sempre, que encantou e arrebatou admiradores pelas suas performances nos The Who.
Mas, no global, o Purple Weekend comemora ainda o vinil, existindo um mercado colocado no Estádio Hispânico, palco das principais actuações, e faz um brinde de boas-vindas ao scooterismo. Uma Scooter-Run permitiu admirar centenas de lambretas e vespas estacionadas no centro histórico de Leon, tão correctamente baptizado de Bairro Húmedo, outro expoente da cidade, carregado de bares, cafés e restaurantes como nenhuma outra cidade. A associação destes ao festival caracterizou-se em 2009 pela venda de um cocktail «Dream Purple», inspirado em licores produzidos nos setentas. Uma insaciável sede musical que faz encontrar dentro da mesma zona o delicioso Mongogo, uma espécie de bar/restaurante mexicano que serve tacos e bebidas exóticas ao estimulante som do psychobilly.Saboroso, suculento, picante imperdível...
Saltando até ao derradeiro acto de cada noite do Purple Weekend, um elenco de grandes dj's internacionais está incumbido de abrilhantar ainda mais o evento, disparando para inúmeros fãs de garage, soul ou funk uma bateria de temas invejáveis e uma pilha infinita de adrenalina que liberta o corpo para os mais atrevidos passos de dança. A festa assalta com pompa e circunstância a discoteca Oh Leon, fora do centro.
Para gostos mais abrangentes, é elementar uma referência ao Musac (Centro de Arte Contemporânea de Castilha e Leon), para onde são encaminhadas exposições e exibições cinematográficas, enquadradas na cultura revivalista dos sessentas.
Cenário perfeito, um festival único em grandeza e elegância. A visita é obrigatória...
Deixo, resumidamente, 10 das razões que se podem invocar para uma descoberta aos encantos de Leon e à magia do Purple Weekend
- Uma cidade adorável, monumental, carregada de vício nocturno...Autência perdição
- Um festival tremendo, que homenageia e faz justiça à melhor música dos anos 60 e 70... Um doce regresso ao passado
- Elegância e charme local, da cidade e das pessoas... Muito peculiar.
- Excentricidade e visual alusivo à cena mod... Toque de estilo.
- Concentração de scooters, feira de vinil... Apelo aos fãs incondicionais
- Vários espaços com programação permanente (El Gran Cafe, Estádio Hispânico e Oh Leon)...Imparável convite à festa
- Comércio local e unidades hoteleiras associadas ao Purple Weekend...Conforto, gastronomia e hospitalidade
- Cerca de 20 concertos em quatro dias com bandas de relevo internacional...Cartaz de luxo
- Allnighters todas as noites na discoteca Oh Leon, que fazem prolongar a festa e o convívio até de manhã com vários dj's internacionais...O desejado remate de uma noite
- Além dos espaços associados ao festival (El Gran Cafe), Leon apresenta inúmeros cafés e restaurantes com petiscos próprios e tapas gratuitas, cervejarias brutais, bares cheios de bom gosto musical (Taxman, Voodoo, Korova, Caverna de Medusa, Portobello...) e um restaurante/bar tipicamente mexicano Mongogo, onde a música é temperada pelo espírito garage e psychobilly...Irresistível
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