14 de março de 2011

Dustaphonics maravilharam pela simpatia e contagiaram pela 'show' dado no Armazém do Chá


Grupaço, investido de classe ímpar e alegria transbordante. A passagem de Dustaphonics pelo Porto numa digressão encerrada em Portugal, após variadíssimas datas por Espanha, deixou marcas duma energia incrível e apaixonante, acompanhada de interpretações irresistíveis. Conjugação perfeita de harmonia em palco num quinteto preparado e solidificado para esta gira, arrastando origens distintas como que razão palpável para um contacto ainda mais fácil e interessante com uma banda constituida por elementos de França, São Francisco, África do Sul, Jamaica e Inglaterra. Kay, voz principal, e Dana, como voz secundária e fogosa dançarina, foram atracção principal, pelo poder das respectivas vozes, adequadíssimas num repertório soberano e maioritário de soul e ryhthm & blues, que deixa no ar a cada música uma imagem sugestiva fortíssima, entre versões de Sonics ou André Williams ou um tema nascido duma colaboração com essa super actriz Tura Satana, especialmente celebrizada no filme de culto de Russ Meyer 'Faster Pussycat Kill Kill'.
Guitarrista e mentor do projecto, Healer Selecta marca o ritmo e as ideias, juntando-lhe muito estilo, a meias com o baterista Bruce Brand, senhor ligado a Milkshakes e Headcoats, por isso mesmo íntimo de Billy Childish. Finaliza o projecto outro dos músicos convidados, jovem baixista de qualidade excepcional, Michael Bluesmith. Ao fim da primeira música, o público já rendia o seu encanto à banda que veio de Londres, emprestando calor e comunicação crescente com o palco, exactamente na mesma dimensão do que era projectado pelos próprios Dustaphonics, com essa mais valia da beleza deslumbrante das suas simpáticas e doces vocalistas.
Apesar de estarem perante o último concerto duma extensa digressão, os Dustaphonics limparam do rosto qualquer sinal de desgaste e carburaram durante hora e meia, cheia de brilho e imensamente vibrante. Uma actuação plena de alma, absolutamente recompensadora e demolidora que teve cumplicidade à altura a justificar o prolongamento da acção no palco e a dança na pista. De Bo Didley a Sonics, sente-se o pulsar da banda nos anos cinquenta mas em cada arranjo ganha expressão o salto temporal até à actualidade. O som sai fresco e poderoso, terno e eclético. Os olhares cintilam, o profissionalismo é penetrante, é a magia dum rock'n'roll sem idade, testemunho de gerações e porta-estandarte de variadíssimas e suculentas influências.
Pela partilha de algumas horas com a banda, fica o elogio à simplicidade e simpatia de todos, mormente num jantar bem animado, onde a comida portuguesa fez naturalmente sucesso. A beleza e arquitectura do Porto também fizeram o seu furor...o que, logicamente, satisfaz.

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