3 de março de 2011

ESPECIAL FANTAS - BEDEVILLED


de Chul-soo Yang - Estreia fulgurante deste realizador sul-coreano, que marcou presença no Fantasporto para umas curtas e simpáticas palavras sobre o Porto...que antecederam a exibição do brutal Bedevilled, integrado na semana da crítica do Festival de Cannes em 2010. Fica um retrato cru e intenso de dois mundos díspares e do envolvimento entre as duas personagens principais, duas raparigas, amigas de infância que se reencontram muito mais tarde, daí nascendo o embrutecimento da história, da narrativa até ao delírio visual, em jeito de banho de sangue. Revolta, vingança, prazer, assim se resume o espiral de violência que toma conta da cabeça de Kim Bok Nam, de vítima de abusos e maus tratos a vilã desgovernada.
Uma ilha isolada serve de mote ao desenrolar dos acontecimentos a partir visita da sua amiga - Hae Won - convidada a fazer férias por manifesto stress laboral resultante de ter sido intimada como testemunha num caso de violação.
Entregue a uma ilha remota e a habitantes desprezíveis e com Seul a milhas, a potenciação do drama de Kim Bok Nam, abusada de múltiplas formas por um marido ordinário e um irmão retardado, e ainda ostracizada por um conjunto de velhas caquéticas e machistas, ganha dimensão à custa da impotência atroz da amiga em prestar atenção aos seus problemas e à total desumanização em seu redor.
Ceifados todos os valores e expostas todas as privações, é a morte da pequena filha que acende o rastilho e desperta a fúria. Dominada pela loucura, possuída pela raiva, começa a matar, fazendo uso de inchadas, martelos e diversas armas de campo. Lenta a exibição da tortura e escravidão a que foi sujeita Kim Bok Nam, a vingaça explode de forma rápida numa reviravolta incontrolável que deixa o público rendido e cúmplice da psicopata, fazendo perceber em alguns exercícios de viagem pelo passado, o lado tenso da relação entre as duas amigas. Apesar da violência presente, ficam pormenores belos de realização.

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