8 de janeiro de 2010

ALTO! em entrevista concedida pelo vocalista João Pimenta

Formados em 2008, os ALTO! passaram 2009 a tocar por várias salas do país e a mostrar uma energia contagiante. A novos desafios parecem lançados e no imediato já têm marcada uma entusiasmante incursão às Astúrias, para gravarem em analógico no afamado Circo Perrotti (Gijon) com Jorge Explosion. Os ALTO! são mais uma banda de Barcelos constituida pelo vocalista João Pimenta (Green Machine), pelo guitarrista Bruno Costa (Green Machine), pelo baixista Tiago Silva, pelo baterista Paulo Senra (Black Bombaim) e ainda Ricardo Miranda na guitarra e teclados. Fazem lembrar os Green Machine, compreende-se, mas não se ficam por aí. Rock'n'roll com atitude, com graça nas letras e com muito sentimento punk em palco.



















Razões que levaram à formação deste projecto,mais um entre tantos em Barcelos, e com elementos envolvidos noutras bandas activas, tais como Black Bombaim e Green Machine?

Principalmente o desemprego de todos os elementos. Horas roubadas aos programas da tarde, às conversas sobre nada e ao aborrecimento em si. E acima de tudo o gostar de fazer música que também nós gostássemos de ouvir. É só isso.


O que de diferente representam os ALTO!, levando em comparação com a altura na qual iniciaram os Green Machine, isto porque surgem algumas semelhanças entre os grupos?

A banda não foi formada pelo objectivo de ser diferente mas pelas razões expostas na resposta à pergunta anterior.


Os ALTO! começam com um disco que é uma homenagem ao Ron Ahston, falecido guitarrista dos Stooges. Em que territórios andam as vossas influências e que grupos podem ser citados como importantes naquilo que vocês fazem?

Somos uma banda de rock portanto as influências andam em campos directamente ligados a ele. Os elementos podem ser encontrados dentro da nossa carrinha quando vamos a caminho de um concerto a cantar em uníssono Quadrilha, Slayer ou Fu Manchu. Se alguma dessas bandas é uma influência directa? Claro que sim. Assim como é mais um milhão de bandas. Mas sinceramente quando estamos a compor não temos fantasmas de nenhuns grupos a assombrar a nossa querida sala de ensaios. Só o fantasma do John Bonham que nos traz cervejas e cenas que fazem rir.

Os ALTO! parecem estar a ter um crescimento rápido com o lançamento recente deste disco -"See you in hell Ron!». Qual o feedback que vocês tem extraído das actuações?

Demos cerca de 23 concertos em 2009. Tendo em conta que a banda foi formada no Outono de 2008 e que lançou um ep pela Lovers and Lollypops em Março deste último ano, penso que as reacções têm sido bastante boas. Acho que nem nós esperávamos dar assim tantos concertos especialmente numa altura como estas em que há mais salas a fechar ou a apostar noutro tipo de programação. E isso sucede em meios mais pequenos onde os organizadores locais são autênticos moicanos, últimos de uma tribo. Nós por exemplo tocamos em todo o litoral português: Porto, Aveiro, Leiria, Lisboa, Alcobaça, Barreiro, Barcelos, etc. mas tivemos muita dificuldade em tocar no interior que era algo que queríamos fazer, apenas conseguimos Portalegre e Beja. Pelo meio fizemos uma tour pela Andaluzia para nos dar um pequeno cheiro do que é tocar fora do país já que é algo que queremos repetir mais vezes. As reacções têm sido muito boas, normalmente temos de estar sempre a pedir ao Fua, o nosso manager, mais cdrs ( já que esta edição é DIY e não de fábrica ) o que só prova que temos tido um bom feedback.



De 2009 para 2010 que avanços vocês perspectivam e que novidades vão ser apresentadas, sendo que já está mesmo a chegar um retiro em Gijon para gravarem no Circo Perroti?

Para já vamos gravar no Circo Perroti em Gijon para lançamento em vinil de um 7 polegadas. Após o lançamento queremos partir para a estrada e tocar em todos os sítios estranhos que nos lembrarmos. É sempre muito mais agradável tocar para pessoas que não estão habituadas a ver muitos concertos. Têm sempre reacções mais genuínas. Queremos também promover esta gravação lá fora de todas as formas possíveis.

O que esperam desse passo em termos de som, já que vão gravar num local que tem sido escolhido por imensos grupos de garage de todo o mundo e conhecido pelo uso de instrumentos verdadeiramente retro? Entre alguns grupos, estou mesmo a lembrar-me dos Cynics.

Sabemos que é um estúdio com material analógico, a maior parte dele da altura dos 60s e queremos tirar o máximo proveito disso já que vamos gravar com o material do estúdio como amplificadores e instrumentos. A passagem para fita da nossa música será algo de novo para todos nós e especial porque muitos de nós da banda ouvimos bandas que gravam dessa forma. Não tenho nada contra a gravação digital, praticamente fiz todas as gravações da minha carreira como músico até agora dessa forma, mas sem dúvida que o analógico tem outro calor e será algo para o qual estamos todos bastantes expectantes.



O acesso ao mercado espanhol, sem esquecer com alguma particularidade a Galiza, pode de certo modo ser facilitado por aqui? A Mondo Sonoro pelo menos já começou a escrever umas coisas. Pretendem circular muito pelo país vizinho?

Não sei se será facilitado por aí. Sim, algo que queremos muito é tocar não só por Espanha como por toda a Europa Ocidental nas chamadas Tours de feriados que poderão surgir. Pelo facto dos elementos trabalharem e estudarem é impossível também pelas condições vivermos só da banda, mas queremos aproveitar o máximo possível as oportunidades que nos irão surgindo.

E para terminar uma explicação para o nome do grupo?

É só porque nos ensaios tocamos num nível sonoro estupidamente alto. E também é um bom aviso para técnicos de som. Não há nada pior que uma banda de rock a bombar largo com um nível sonoro baixo. E também porque estamos surdos e se não soar alto a gente não se consegue ouvir.

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